No passado dia 08 de Fevereiro, realizou-se na Universidade dos Açores, Pólo de Angra do Heroísmo, uma palestra intitulada por “Energia e Alterações Climáticas”, organizada pela Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente, na qual estiveram presentes dois membros da Gê-Questa.
A palestra contou com os Oradores, Eduardo Brito de Azevedo (Professor da Universidade dos Açores) e José António Cabral Vieira (Director Regional da Energia).
Segundo Brito de Azevedo, o enquadramento climático dos Açores assenta num oceano quente, estados de tempo bastante variáveis (anticiclone mais distante, mais próximo), clima diferente de ilha para ilha e tempo atmosférico que condiciona o tempo marítimo. Embora esses fenómenos ocorram, alerta para factores antropogénicos que originam impacto negativo na região.
O investigador da Universidade dos Açores, afirma que existem assimetrias climáticas no território insular. A variação espacial do clima e estado do tempo verifica-se de um extremo ao outro do arquipélago, mas também dentro das próprias ilhas, daí que na costa norte de uma determinada ilha possa ocorrer um maior ou menor valor de humidade comparativamente à costa sul e vice-versa.
O caso da “enxurrada” que ocorreu no passado dia 15 de Dezembro na Freguesia da Agualva é um bom exemplo para expressar que a quantidade de precipitação que caiu naquela zona durante x tempo, não foi a mesma que se verificou em outros pontos da ilha, à mesma hora.
Foram ainda visualizadas fotografias aéreas antigas e actuais da Ribeira da Agualva, que mostram as alterações do solo, utilizado pelo homem, que originaram um recuo da mancha florestal e alteração das linhas de água.
Por fim, Brito de Azevedo frisou que o clima é de longe o factor natural que mais contribui para desastres naturais, realçando que “o clima é inerentemente variável” como afirmou José Pinto Peixoto (1922-1996), um dos mais destacados geofísicos e meteorologistas portugueses.
Seguiu-se, Cabral Vieira, que defendeu um “sistema sustentável de energia para o arquipélago, que seja tecnicamente disponível, economicamente viável, socialmente aceite e ambientalmente adequado”, utilizando menos quantidade de energia sem reduzir o conforto.
De acordo com o Director Regional da Energia, em 2007, apenas 13% da energia produzida nos Açores era a partir de fontes renováveis, sendo que 87% da energia primária da região dependia ainda do petróleo. Foi nesse ano que a Central Geotérmica do Pico Vermelho fez expandir a produção de energias renováveis na região, notando uma descida na energia dependente do petróleo. É necessário intervir na energia eléctrica e consumo rodoviário, pois representam cerca de 70% da energia consumida nos Açores. As tecnologias existentes são embrionárias e por isso ainda caras, contudo, com o apoio que tem surgido para a produção de energias renováveis e à medida que forem sendo produzidas em escala, os preços irão diminuir.
As ilhas de São Miguel e das Flores, são as que mais produzem electricidade por fontes renováveis. Embora a ilha das Flores tenha grandes potencialidades para a produção de energias renováveis, não estão a ser aproveitadas. Pretende-se a construção de uma nova barragem que permita usufruir melhor dos recursos.
Cabral Vieira refere que os recursos hídricos deviam ser aproveitados de uma melhor forma nas ilhas, contando com orientações estratégicas como:
• a maximização do aproveitamento das energias renováveis na produção de electricidade de 28% para 75% em 2018;
• a substituição nas mais variadas áreas de actividades pelo consumo de electricidade de origem renovável;
• encontrar uma solução para se consumir, em horas de pico, o excesso de energia renovável, acumulada nas horas de vazio. Segundo Cabral Vieira, a solução passa pela armazenagem e pela massificação de carros eléctricos, sendo a primeira uma solução mais viável a curto prazo.
É de salientar o programa Proenergia que apoia empresas e particulares na microgeração de energia renovável.
Em suma, segundo o Director Regional da Energia, estamos a assistir a uma mudança do paradigma energético e a atravessar uma fase de revolução energética, graças à globalização e às novas tecnologias.
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