MAIS UMA NOITE DE CINEMA AMBIENTAL às 21:30 DO DOMINGO 1 DE SETEMBRO

A Ilha dos Náufragos (L'Isola dei Naufraghi) de Lorenzo Brunetti




A meio do Oceano Atlântico, entre Lisboa e Nova Iorque, há uma ilha. O seu nome é Flores e é a ilha mais extrema do arquipélago dos Açores. No período das descobertas, esta era a primeira terra que as naus avistavam na sua rota de regresso à Europa. Um território insular de natureza virgem, ainda hoje praticamente desconhecido. Mas na memória dos seus habitantes e nas suas casas esconde-se uma história antiquíssima. É a história esquecida das Flores, feita de piratas e náufragos, pronta agora para ser revelada. Seguindo Pierluigi, viajante e escritor, durante a sua primeira estadia pela ilha, descobriremos o passado misterioso desta mítica terra. Uma viagem que nos levará às raízes da diferença entre o bem e o mal, porque a desgraça para a Ilha das Flores, tornou-se muitas vezes uma bendição.



A Banana do Pico


Banana do Pico é um documento fílmico iniciático, porventura um trabalho cinematográfico de fim de curso, mas nem por isso deixa de ser um objecto valioso, confirmando-se assim o reconhecimento e os prémios obtidos pelos festivais por onde tem passado. O que fazer depois do curso de cinema terminado? Deve ter sido esta a pergunta que o realizador de cinema Luís Bicudo, natural da Ilha do Faial, deve ter feito num país em que ser cineasta pode bem ser uma miragem, um sonho adiado ou uma batalha infinita pela obtenção de boas condições (financeiras, e não só!) para filmar e seguir adiante nessa profissão e labor da sétima arte. Daí este retorno às origens para filmar a casa dos avós, a ilha das suas férias estivais, as lembranças e memórias de infância e adolescência ali passadas ou ainda o reencontro com o bananal que serviu de espaço para brincadeiras e peripécias. “Banana do Pico” é, portanto, um objecto nostálgico mas tem a vitalidade de fazer perguntas certeiras e acutilantes num momento preciso, agora que já passaram três anos (o documentário é de 2010). O que Luís Bicudo nos mostra neste documentário até à exaustão é que pode existir um regresso doce às raízes, à infância e aos afectos vividos em Santa Cruz das Ribeiras, Ilha do Pico. O que depois fazer com a permanência parece ser a grande dificuldade dos que voltam aos lugares aonde foram felizes, já dizia Cesare Pavese, escritor italiano. Será que devemos continuar aquilo que outros começaram? Este documento levanta, portanto, questões muito sérias sobre os jovens açorianos que partem com o fito de melhorar a sua formação e um dia “decidem” voltar àquilo a que muitos apelidam de “terrinha”. Poderão eles trabalhar naquilo em que mais gostam nestas suas ilhas de nascimento? Poderão trabalhar a terra e produzir filmes numa ilha no meio do atlântico? O jovem cineasta empreendeu assim uma viagem às raízes para atestar a sua posição enquanto cidadão açoriano e atestar também a validade da sua cidadania num mundo que se globalizou pela negativa e em que o consumo e a distribuição de bananas à escala planetária não é alheia. Estes vinte e seis minutos são um importante documento de reflexão sobre o que são ou poderão vir a ser as Ilhas dos Açores muito em breve, isto é, serão lugares de esperança e estímulos para os que regressam ou o abandono e desespero total para os que ficam? O mesmo acontece com Santa Cruz das Ribeiras, a freguesia picarota que agora já não é o mesmo lugar, pois foi filmada com alma e coração de ilhéu, deixando de ser só o ponto de onde partem bananas para todo o arquipélago açoriano e antigo poiso de baleeiros mas também o sítio escolhido para filmar uma memória, uma passagem, uma vida e habitat açoriano a que muita gente quis ver, assistir e…sentir.




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