O voluntário é alguém que está
sempre fora de casa. Mesmo quando está em casa a sua vontade é estar lá fora e
o seu pensamento está lá fora. Mesmo quando todos devem ir para casa o mais
depressa possível – como quando acontecem catástrofes - o seu desejo é ir em
sentido contrário e ajudar os que ficam para trás. O voluntário é um indivíduo
que procura o colectivo. É um inovador que procura a tradição. O voluntário é
uma minoria que procura a maioria. Mas o que move um voluntário? De onde vem a
sua energia? Move-o o estado deplorável do mundo e o sentido de justiça. Move-o
o sentido de uma vida ética. A sua energia vem do sentimento de praticar o bem.
Do prazer de ver o mundo melhor. E porque é preciso alguém que o faça e porque
ele está ali e não seria justo virar as costas e dedicar-se apenas à sua
família e à sua horta e meter-se na sua vida. O voluntário é alguém que se mete
na vida do mundo. O voluntário é alguém que tem tempo. É alguém para quem a
falta de tempo não é argumento. É alguém que pára para falar com aquele que
quer falar. O voluntário não precisa de relógio. O seu ideal é ser voluntário e
mais nada. É ter o mínimo de recursos e não precisar de dinheiro. Sempre que o
dinheiro se intromete – e ele está sempre à espreita - entre o voluntário e o mundo
tudo fica mais cinzento e as dúvidas começam a surgir. Mas aí, o voluntário
apoia-se nos outros voluntários que estão à sua volta e juntos fazem coisas
úteis. Ser voluntário é difícil mas é bom.
Luís Filipe Bettencourt
1 comentário:
Já li o texto tantas vezes que já o sei «par coeur»
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