Falta de Água no Concelho de Angra do Heroísmo

Muito tem-se dito, e escrito, sobre a falta de água no concelho de Angra do Heroísmo, que houve má programação, ou falta, dos investimentos, que a gestão da rede de distribuição do concelho é deficitária e má gerida, e outras críticas. Sem refutar, nem apoiar estas críticas, convém chamar a atenção a alguns factos:

· Este ano o Verão tem sido particularmente seco, como é visível na cor dos campos, e apoiado por dados meteorológicos que indicam que nos meses de Junho, Julho e Agosto tivemos menos 70% de chuva do que é habitual (a normal meteorológica de Angra do Heroísmo indica para este período um valor de precipitação de 137 mm, enquanto que este ano tivemos até ao momento apenas 40 mm de chuva).

· Com o desenvolvimento que a ilha Terceira tem sentido, nomeadamente no que diz respeito às novas construções, e ao maior número de estabelecimentos turísticos, é natural que os consumos de água aumentem. O cada vez maior número de piscinas e outros equipamentos, na maioria particulares, implica por si só um maior consumo de água.

· A política de cortes por zonas, durante períodos de 24h não é a melhor política para restaurar os volumes nos reservatórios dos SMAH, mas após uma reunião que tivemos na passada terça-feira com a direcção dos referidos serviços, compreendemos que esta estratégia é inevitável, e a única tecnicamente possível, tendo em conta a estrutura da rede de distribuição de água do concelho de Angra do Heroísmo, de outra forma os cidadãos que estivessem nas extremidades da rede seriam ainda mais afectados, podendo não ter mesmo água durante períodos consideravelmente mais longos.

· Quaisquer investimentos que sejam necessários para evitar esta situação, não são realizáveis a curto prazo. Construir, renovar e alterar redes de distribuição de água, são processos que demoram anos, não só pelo esforço financeiro envolvido, mas pelo próprio processo construtivo.

· O recurso a furos poderá ser uma solução para a falta de água, mas em ilhas vulcânicas de pequena dimensão, como seja qualquer ilha dos Açores, não é uma solução sustentável, porque estes tendem a salinizar com a intrusão de água do mar nos aquíferos explorados, inutilizando este recurso estratégico por um período muito longo, para além dos gastos de energia que estas soluções implicam, e a fraca qualidade que essa água apresenta face à proveniente de nascentes (quase água mineral).

· Para o futuro, estes Verões secos serão mais comuns, já que os cenários de alterações climáticas apesar de não preverem uma redução da pluviosidade anual, prevêem uma maior assimetria da distribuição da chuva ao longo do ano, o que traduz-se em Invernos mais chuvosos e Verões mais secos.

Para amenizar esta situação a curto prazo, é necessária a colaboração de todos os cidadãos do concelho de Angra do Heroísmo, preservando este recurso cada vez mais escasso, não utilizando a água em actividades secundárias:

· Não lave o seu automóvel com mangueira, se quiser fazer utilize um balde;

· não lave pátios, pavimentos exteriores, ou paredes, a não ser que seja absolutamente necessário;

· não encha piscinas, ou outros equipamentos de lazer semelhantes;

· não regue jardins;

· quando armazenar água para os dias de cortes programados, guarde apenas a quantidade necessária para as necessidades básicas desses dias;

· não descarregue os autoclismos a não ser quando necessário;

· verifique se as torneiras ficam sempre bem fechadas;

· lembre-se que toda a água que utiliza, é menos água nos reservatórios para os restantes utilizadores, e que os cortes poderão agravar-se para os outros e para si.

Com a colaboração de todos é possível minimizar os efeitos desta escassez de água.



Abaixo está um esquema das situações de intrusão salina referidas no texto.


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