GÊ-QUESTA Nova direcção quer criar horta comunitária biológica



Publicado na Terça-Feira, dia 15 de Novembro de 2011, em Actualidade


Uma horta comunitária biológica. O voluntariado ambiental. A gestão dos recursos humanos. Pelo meio, um campo de férias escolares e um jardim de endémicas – estes são alguns pontos na agenda da nova direcção da Gê-Questa até 2013.

Dário Silva começou “ao contrário” na Gê-Questa. O recém-eleito, por unanimidade, presidente da associação de defesa ambiental no início do mês explica: “sempre me interessei pelas questões ambientais. Conhecia os projectos da Gê-Questa e estava a par do que a associação fazia”. Até que, em 2009, é admitido na equipa da Gê-Questa como funcionário da associação. Um ano depois, esse interesse é alargado à formação superior que decide prosseguir, ingressando no curso de Guias da Natureza no pólo do Pico da Urze da Universidade dos Açores, sem deixar, contudo, de participar nos eventos da associação.


Assim, contrariamente a anteriores responsáveis pela Gê-Questa que já detinham currículo na área, Dário Silva ganhou-o, primeiro, na associação.


Natural da ilha Terceira, o novo presidente de 25 anos, orgulha-se de dizer que apresenta uma lista para 2011/2013 que é “das mais jovens” que já passaram pela associação.


Quinta pública


com fim comunitário


Entre os projectos que os novos órgãos sociais escolhem para encabeçar as suas prioridades está a criação de uma horta comunitária em Angra do Heroísmo.

Uma ideia que está enquadrada na temática da agricultura biológica que a associação desenvolve e que tem a sua face mais visível e mais participada através do “Pézinho de Salsa”, que todos os domingos reúne entre 20 a 30 pessoas no Forte Grande de São Mateus, sede da Gê-Questa.


O novo presidente refere estar à procura de um terreno que seja capaz de corresponder aos princípios de uma quinta comunitária “biológica, ou pelo menos, orgânica”.


O ideal, refere, seria se o espaço a cultivar fosse público, por uma questão de sustentabilidade e de sentido de pertença dos envolvidos perante a horta.

As razões de ordem económica também estão na base deste projecto: “a toda a hora, nas grandes capitais da Europa e no nosso país, são inauguradas hortas comunitárias”.


Actualmente, o espaço da Gê-Questa, na freguesia de São Mateus, tem servido para a troca de conhecimento, de plantio e sementes, tendo-se já improvisado plantações de alfaces, rúcula, rabanetes, couve, tomate, especiarias e mesmo café. Mas a actual área do “Pezinho de Salsa”, começa a escassear: “a nossa estufa está a ficar sem espaço”.


Até porque esta horta comunitária visa dar subsistência a um outro projecto da Gê-Questa, o do voluntariado ambiental.


Alargar voluntariado

a outras ilhas


Segundo Dário Silva, um dos propósitos da horta comunitária entronca na manutenção do projecto de voluntariado ambiental que a Gê-Questa quer voltar a implementar em 2012, mas alargado a mais ilhas.

Depois de, em 2010 terem tido essa possibilidade, vedada em 2011 por falta de apoios, para o próximo, a nova equipa quer repor a semana de voluntariado ambiental: “no ano passado tivemos cerca de 20 pessoas vindas da Alemanha, Itália, Espanha, E.U.A, do Continente e também de outras ilhas”.


Uma logística que, com recurso aos produtos da quinta comunitária poderia cortar custos, explica.

Mas o voluntariado, explica, é importante por si mesmo: “a Gê-Questa é uma associação de voluntários e por isso temos de valorizar, acima de tudo, o voluntariado”.


Campo de férias


e jardim endémico


Ainda “só uma ideia”, esclarece, é outro dos seus projectos: um campo de férias ambiental para a população escolar em que se pretende não só a formação na ilha, como o intercâmbio com outros organismos fora da região. Neste âmbito, adiantou Dário Silva, estão a ser estabelecidos contactos com uma quinta no Alentejo.


Concretizável, por seu turno, a breve trecho é a criação de um jardim de plantas endémicas no relvado frontal do Forte Grande. Uma medida que, embora simples, vai ter “impacto”, para a localidade e para as muitas deslocações de jovens à Gê-Questa.


Paralelamente, fazem parte dos projectos da nova direcção ainda a manutenção de eventos, como os jantares vegetarianos, a reestruturação do site da associação, a emissão do boletim online “coisas”, entre outros.


Eleitos no passado dia 4 de Novembro foram, além de Dário Fernando do Couto Silva (presidente da direcção), Luís Filipe Bettencourt (Vice-Presidente), Rui Diogo Martins dos Santos Guitas e Rui César Almeida Andrade (1.º e 2.º secretários), e Vasco Ventura Rodrigues (Tesoureiro); na Assembleia-Geral: José Gaspar Lima (presidente), Diogo Filipe Samora Dantas Martins e Tiago João Nogueira Castro (secretários); e no Concelho Fiscal: Victor Manuel Soares Medina (presidente) e Nuno Filipe de Sousa Luís e Teresa Armas Cavaleira de Ferreira (secretários).

Caixa

Orçamentos

a diminuir


De ano para ano, a Gê-Questa, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, tem visto os seus orçamentos “diminuir significativamente”, disse o novo presidente da associação. Sem adiantar valores, Dário Silva refere que tal facto tem afectado directamente os projectos que a mesma desenvolve, exemplificando: “há uns anos, tivemos cerca de três estagiários que desenvolviam diversos projectos”.

Agora, somente com um funcionário administrativo, a Gê-Questa “está muito mais limitada”. “O nosso orçamento não é o ideal, é o possível”; reforçou.


É por isso que o novo elenco directivo aposta na candidatura a fundos para a gestão dos recursos humanos na associação, referindo-se às bolsas universitárias “BecasFaro”, além dos programas nacionais existentes.



Humberta Augusto (texto e foto)
haugusto@auniao.com

1 comentário:

aNaTureza disse...

Sabendo que:

-a opção pela incineração de RSUs (Resíduos Sólidos Urbanos) constitui um processo de desvalorização energética e de aumento do consumo de recursos naturais, pois estaremos a desperdiçar a energia e os recursos já gastos no fabrico do que vamos incinerar.

- todos os resíduos da incineração causam impactos negativos para a saúde, quer humana, quer animal, por libertarem grandes quantidades de compostos químicos como dioxinas, furanos, benzeno, etc. e metais pesados como o chumbo, cádmio, mercúrio, arsénico, etc.. Para além destes resíduos se fixarem no nosso organismo, também contaminam a cadeia alimentar.

- a principal forma de fixação das dioxinas é por via da alimentação, cerca de 90% provém do leite, carne ou peixe que não deverão ser consumidos e nem poderão ser promovidos como produtos de qualidade.

- a incineração é a nível mundial, uma das principais fontes de poluentes, responsáveis por danos ambientais irreversíveis e doenças mortais como o cancro.

- as dioxinas são um produto químico extremamente difícil de ser filtrado e que escapam inevitavelmente para o exterior da incineradora, apesar da alta tecnologia empregue. Não têm cheiro nem se vêem, não são excretáveis e fixam-se nos tecidos gordos e leite materno.

Entre tantos milhares de estudos feitos, pois a incineração não é um processo recente, não descobri um único benefício. O que poderia ser, o do que o lixo se reduziria, é mentira. Ele não é reduzido, mas sim transformado em cinzas e gases
poluentes e altamente nocivos para a saúde do que quer que seja.

Nem a mais alta tecnologia consegue reter estes poluentes. Tb acontece estarmos em zona sísmica e erros humanos acontecem e qdo eles acontecem, a culpa nunca é de ninguém.

A pouca energia que se poderia extrair deste processo, nunca será limpa.

Andam a branquear todo este processo.

Gostaria que como associação ecológica, se pronunciassem publicamente sobre o assunto, tal como fizeram os Amigos dos Açores.

Não percebo (ou percebo) a "mudez" dos técnicos e representantes dos cidadãos.

Quanto á consulta pública, nos 15 últimos dias do mês de Agosto, ainda por cima sobre um assunto vasto e específico, é de "bradar aos céus".

Este projecto todo está envolto em muita bruma.

Fico a aguardar resposta clara e desculpem-me a frontalidade, mas ela é necessária para a construção de um mundo melhor, porque este está demasiado doente.